Histórico

Góes Artigas e uma comunidade rural, localizada no município de Inácio Martins, região Centro-Sul do Paraná, a 14 km do Distrito do Guará/BR 277 e 25 km da cidade de Inácio Martins. Sua formação deu-se em meados dos anos 40, com a exploração de recursos madeiráveis, tais como o Pinheiro do Paraná, Imbuia e Erva-Mate, movimentando as serrarias e ervateiras da região. Apenas com a chegada da Estrada de Ferro é que a comunidade até então conhecida como Iratinzinho passou a chamar-se Góes Artigas. Em 1941 foi construída a nova e atual Igreja da comunidade chamada Menino Jesus, que até hoje conserva pinturas em seus interiores, como orações em latim, figuras e diversos anjos.

Na década de 80, com o carregamento de madeiras e dormentes, Góes Artigas tornou-se uma influente comunidade para o comercio local, a qual agregava muitos moradores e casas de comércio.

Após ter passado por um amplo e complexo processo de exploração de recursos naturais pelas grandes empresas madeireiras da região, muitos moradores migraram para as cidades vizinhas e grandes centros, a procura de trabalho, provocando esvaziamento na comunidade.

Atualmente a comunidade é formada por 118 famílias, que mesmo pressionadas pelos grandes monocultivos de pinos e eucalipto que rodeiam a comunidade, resistem para permanecer no campo, numa iniciativa da preservação do meio ambiente e da cultura local rural. Para tanto desenvolvem atividades ligadas a agricultura familiar, como a produção de leite, criação de animais, produção de alimentos agroecologicos e grãos, extrativismo de pinhão e erva-mate.

A cultura local é marcada pelas Romarias de São Gonçalo, Ternos de Quaresma e Caeiras da Família Moraes, Olhos de Água do Monge João Maria, Mesadas de Anjos, Benzedeiras, Torneios de Futebol, Carreiradas, Procissões e Tapete de Corpus Christi.

Hoje a comunidade está organizada na Associação de Agricultores Menino Jesus, Grupo de Agricultores Agroecologicos Água Viva, Grupo dos Produtores de Leite, Pastoral da Criança e demais movimentos ligados a Igreja Menino Jesus.

Com a expectativa da criação da sede da APA da Serra da Esperança na comunidade de Góes Artigas, a qual prevê a restauração da vila de antigos moradores da Rede Ferroviária, bem como, a Estação de Trem, a comunidade anseia o desenvolvimento de projetos que garantam o desenvolvimento sustentável da comunidade, valorizando as belas paisagens naturais, preservando a cultura local e oferecendo alternativas de renda as famílias.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Camponesas - Revista Peabiru

Compartilho abaixo o texto “Camponesas”, publicado no dia de hoje na Revista Peabiru. A Revista é um projeto da Coordenadoria de Comunicação Social da Unila (Universidade Federal da Integração Latino Americana) na qual atualmente sou acadêmica do curso de Antropologia.



Camponesas

Por Taisa Lewizki, acadêmica de Antropologia – Diversidade Cultural Latino-Americana (UNILA)
Em minha trajetória a fotografia tem sido uma ferramenta de reivindicação, hora pela beleza, pela denúncia ou notavelmente pela visibilidade social. Neste contexto as fotos que aqui socializo têm a intenção de mostrar a diversidade de práticas e conhecimentos tradicionais associados à sociobiodiversidade, as quais são reproduzidas cotidianamente pela mulher e pelo homem do campo.
Essas práticas e conhecimentos foram experimentados por inúmeras gerações passadas, guardados na memória e repassados pela oralidade, fazeres e práticas que não aprendemos na escola, muito menos na universidade, mas no olhar e no fazer.
Essas fotos também são um movimento desconstrutivo da imagem que associa os camponeses ao atraso, a estagnação no tempo e outros olhares pejorativos construídos ao longo dos anos sobre nós.
Quando me refiro a “nós” é porque sou camponesa e estes registros não são distintos de minha identidade. Estar na universidade, especificamente na UNILA, é a ocupação de um espaço de grande valia para nós. Historicamente fomos objeto de pesquisa da doutora academia e, raras as vezes que tivemos acesso às informações elaboradas a partir de nossos dados, muito menos fomos informados sobre a finalidade de tais pesquisas.
Este gargalo acadêmico de apropriação dos conhecimentos das comunidades na elaboração de monografias, teses e dissertações, que na maioria das vezes não detém nenhum compromisso social, infelizmente, ainda é presente, e precisamos com urgência rompê-lo.
Como voluntária dessa ruptura, apresento as fotos das mulheres que são de quatro gerações de minha família, sendo elas: avó Cecília Maria, mãe Maria Rosa, irmã Adriana, sobrinhas Isabela, Maria Cecília e Maria Laura e, sobrinho Nicolas José, da Comunidade Rural de Góes Artigas, município de Inácio Martins, região Centro Sul do Estado do Paraná.

Camponesas que nas trocas de sementes crioulas, mudas e ramas, preservam a diversidade de nossos alimentos e plantas medicinais. Trabalhadoras que insistem na agroecologia em oposição ao agronegócio que com seus venenos contamina a terra, a água e as matas.



Guerreiras que sobrevivem no campo, quando testemunham diariamente a derrubada de nossos pinheiros e tantas árvores nativas que são remédio e fonte de alimento para nossas comunidades, sem que nenhuma justiça ambiental seja feita pelos órgãos competentes.



Vítimas da violência causada pelo avanço dos monocultivos de pinus e eucalipto que desertificam nossa mata e não respeitam limite algum, nem nossos lugares sagrados como os Olhos d´Água do Monge João Maria.

Mães que enfrentam a despedida de seus filhos que deixam suas casas atrás de estudo etrabalho nos grandes centros, e mesmo assim lutam pelo acesso a políticas públicas que garantam qualidade de vida as famílias camponesas, bem como, por políticas públicas que reconheçam nossas demandas e especificidades, como movimento de resistência identitária ao nosso modo de vida camponês.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Góes, lugar amaldiçoado. Por vez abençoado.

Procissão de Corpus Christi, comunidade de Góes Artigas, 07/06/2012. Foto: Taisa Lewitzki
Não foram raras as vezes que escutei os comentários que Góes era amaldiçoado.

Dizem que há uns vinte anos atrás um grupo de jovens da comunidade se desentendeu com o padre, e por isso, soltaram foguetes por cima de seu veiculo, depois da missa que o mesmo havia rezado.

Em resposta à afronta, o padre desceu de seu carro justamente no cruzo de linha, que fica localizado na entrada da comunidade, e abrindo os braços em direção à Igreja, proferiu palavras de maldição à comunidade.

Segundo os relatos, a partir desse tempo a comunidade passou à não prosperar em relação a movimentos religiosos e econômicos. Tudo que se iniciavam bem, logo desabava.

Essa situação sempre era relatada pelas lideranças católicas da comunidade aos novos padres que foram chegando, a fim de livrarem a comunidade da maldição. Mas estes não davam credibilidade ao fato, e a situação de maldição permanecia.

Em 2012 um padre recém ordenado, chamado Nilton, começou a contribuir com a paróquia e conversando com pessoas da comunidade foi informado da situação de maldição que esta se encontrava.

Naquele mesmo ano, no dia da celebração de Corpus Christi, que conforme o costume inicia no cruzo da linha. No inicio da procissão o então Pe.Nilton pediu perdão a Deus pela comunidade, rezando para que a maldição fosse retirada. Estava fotografando a procissão e neste momento fiz a foto que acompanha este texto.

Quando estava fotografando não percebi nada de anormal, foi apenas na segunda para terceira vez que estava revisando o álbum deste dia, que observamos o que parece ser um “raio de luz descendo do céu em direção ao santíssimo que se encontrava na mesa”. As outras pessoas que fotografaram a procissão, não relataram nenhuma anormalidade nas fotos.

Tínhamos o desejo de procurar o Pe. Nilton para lhe mostrar a foto e, ouvir suas considerações.


Um mês depois da data da procissão e quando fazia um ano de sua ordenação, o jovem padre mineiro de apenas 34 anos faleceu. O motivo alegado de sua morte foi uma infecção decorrente de uma bactéria no cérebro, descoberta após um leve acidente de carro, que em primeiro momento não foi considerado grave.

Foto e texto: Taisa Lewitzki

terça-feira, 7 de maio de 2013

Doe Medula Óssea


Samuel Mass de Lima de apenas 4 anos, mora em Araucária (PR), em 05 de fevereiro de 2011 seus pais Edson Ferreira de Lima e Raquel Lima tiveram o triste diagnostico da doença de Samuel, Leucemia Aguda Linfática. Desde então a mais de dois anos Samuel está em tratamento lutando diariamente contra a enfermidade, sua única alternativa de cura é o transplante de medula óssea.


A campanha
Parentes, conhecidos, amigos e demais pessoas sensibilizadas em mobilizar doadores de medula óssea contribuem na articulação da campanha “Doe Medula Óssea” a fim de encontrar um doador ou doadora compatível com o pequeno Samuel.

Seus tios Osvaldo Ferreira de Lima e Josiane Correa de Lima que vivem na Comunidade de Góes Artigas estão incansavelmente buscando pessoas para fazer o teste de compatibilidade de doadores, não apenas para Samuel, mas para todos e todas que necessitam de transplante de medula óssea.

Como ser doador ou doadora de medula óssea?
Para realizar o teste, basta dirigir-se ao Hemocentro mais próximo de sua cidade, coletar 5ml de sangue que servirá de análise e cadastro no REDOME (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea), se algum dia você for compatível com alguém que necessita de sua doação, você será chamado para fazer outros exames, lembrando que o doador ou doadora não corre nenhum risco.



Doação de Medula Óssea no Brasil
O número de doadores voluntários tem aumentado expressivamente nos últimos anos. Em 200, existiam apenas 12 mil inscritos. Naquele ano, dos transplantes de medula realizados, apenas 10% dos doadores eram brasileiros localizados no REDOME. Agora há 2 milhões e 900 mil doadores inscritos e o percentual subiu para 70%. O Brasil tornou-se o terceiro maior banco de dados do gênero no mundo, ficando atrás apenas dos Registros dos Estados Unidos (5 milhões de doadores) e da Alemanha (3 milhões de doadores). A evolução no número de doadores ocorreu devido aos investimentos e campanhas de sensibilização da população, promovidas pelo Ministério da Saúde e órgãos vinculados, como o INCA. (http://www.inca.gov.br)

Faça sua parte, seja um doador ou doadora de medula óssea e ajude a salvar vidas!

Acompanhe no facebook a página de Samuel Mass de Lima.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Pavimentação do trecho Góes Artigas x Guará, população na expectativa

Nas últimas décadas as promessas de políticos e governantes em relação a pavimentação do trecho de Góes Artigas à Guará (14 km) que liga o município de Inácio Martins à Guarapuava ocupam espaço no imaginário da população usuária deste trecho. As péssimas condições de tráfego são prejudiciais a população e ao desenvolvimento do município. Na espera do sonhado "asfalto" os usuários colecionam encalhadas nos dias de chuva, doses de poeirão nos dias de tempo bom, inúmeras peças automotivas quebradas e pneus danificados.  

Segundo a matéria publicada pela Folha de Irati no último dia 08, os envelopes das empresas que estão concorrendo o processo licitatório, serão abertos no dia 30 de abril. Será que desta vez sai? 


http://www.folhadeirati.com.br/noticias/noticia.asp?id=17380

PR-364 - Governo vai asfaltar trecho Guará a Góes Artigas


clique na foto para ampliar


Segunda-feira, 8 de abril de 2013
Por Leonardo Schenato e Kelly Ramos

No próximo dia 30 de abril serão abertos os envelopes da licitação da empresa que executará as obras nos mais de 12 quilômetros que ligam o Distrito do Guará a Góes Artigas, comunidade localizada na divisa entre os municípios de Inácio Martins e Guarapuava. O valor máximo estipulado para a obra é de R$ 24.415.316,80.

O trecho, que ainda não possui asfalto, faz parte da rodovia estadual PR-364, que liga Irati a Inácio Martins. Essa estrada se liga a BR-277 e acabará servindo como desvio de dois postos do pedágio de quem vem, por exemplo, de Guarapuava para Irati. “Acreditamos que essa obra vai ajudar a desenvolver a região, pois aumentará consideravelmente o número de veículos que passam por essa rodovia, que corta tanto Inácio Martins, como Irati”, fala a chefe do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) de Irati, Lucimara Farias.

A perspectiva é de que o trecho também desafogue o trânsito do trecho entre Guarapuava a Irati que não é duplicado e normalmente é muito movimentado. Lucimara conta que a perspectiva é de que a obra esteja pronta em no máximo um ano e meio.

Após a abertura dos envelopes das empresas concorrentes, ainda há o prazo para possíveis recursos, o que acaba alongando o processo. A chefe do DER diz que as pessoas podem acompanhar tudo sobre a licitação na página da internet do governo do Estado.
O atual Prefeito de Inácio Martins, Valdir Cabral (PDT), cita que a reforma no trecho é uma cobrança da população. “Tanto os usuários do transporte coletivo, quanto universitários e mesmo motoristas, nos pedem por uma reforma. Além disso, 70% da nossa produção do município vai para Guarapuava. Para evitar o trecho, acaba sendo necessário ir até Irati para depois terminar a viagem. Dessa forma, além de mais combustível, também pagamos dois pedágios e perdemos tempo”, conclui.

Cabral ainda foi enfático quanto a sua postura em relação à obra. “Já estamos cobrando isso das lideranças regionais e estaduais há tempos. Então, aguardamos com muita expectativa e vamos cobrar que a empresa licitada faça sua parte e também que o Governo agilize a ordem de serviço para o início da pavimentação”, ressaltou.

O Prefeito também se mostrou animado com as possibilidades de conclusão em um prazo não muito longo. “Não é um trecho longo, são 14 Km, não é muito rochoso e nem muito banhado, então estamos bastante otimistas”, declarou.
Cabral, por fim, descreveu as vantagens que Inácio Martins teria com a conclusão da obra. “Muitas pessoas e empresas do Estado têm interesse em vir para cá. Mas, essa dificuldade na estrada acaba deixando o município fora da rota do desenvolvimento. Estou certo de que, havendo a conclusão da estrada, o progresso chegará de forma muito mais ágil até Inácio Martins.”, concluiu.

DIFICULDADE
O motorista Roberto Teixeira, que trabalha no trecho entre Guará e Góes Artigas há décadas, dá seu parecer: “Não é fácil. Quando chove, patina demais. E, mesmo no seco, é muito buraco e pedra. Ontem mesmo tive de deixar o ônibus na estrada, porque quebraram duas molas dianteiras”, revela.

Maicon Cordeiro, de Curitiba, que esporadicamente faz uso do trecho como alternativa a outra rodovia com distância maior para chegar ao seu destino, fala sobre a importância da pavimentação. “Se aqui estivesse asfaltado, a distância até os próximos municípios encurtaria muito. Da forma como está, corremos o risco de estragar o pneu ou ter outros problemas mecânicos”, diz.

O estudante do primeiro ano de Educação Física, Ari Marcelo, relata o problema que enfrenta diariamente ao cruzar, como passageiro de ônibus, o trecho sem asfalto. “Quando chove, não dá para passar. Há semanas em que fico mais de três dias seguidos sem ir para aula. Dessa forma, levo falta na faculdade e perco conteúdo que deveria estar ampliando meus conhecimentos”, conta.

Além disso, o próprio desenvolvimento local é afetado pela falta de condições ade-quadas da estrada, conforme aponta Jorge Adir Neves, estudante do último ano de Direito, que pega o ônibus junto com Ari. “Tudo se torna difícil sem essa pavimentação. Como escoar a produção do município? Como trazer empresa e gerar empregos no município? Como trazer progresso, se não há nem asfalto para chegar? Desde que Inácio Martins é Inácio Martins, temos esse problema. Entra governo, sai governo e até hoje nunca houve resolução”, argumenta.

quinta-feira, 21 de março de 2013


Jornal Hoje Centro Sul, divulga matéria sobre a conquista do Grupo de Agricultores Ecologistas Água Viva de Góes Artigas que recebeu o Prêmio MULHERES QUE PRODUZEM O BRASIL SUSTENTÁVEL.

http://www.hojecentrosul.com.br/cidades/grupo-rural-de-inacio-martins-ganha-premio-em-brasilia/ 

Grupo rural de Inácio Martins ganha prêmio em Brasília



De 521 inscritos, o GAEAV ficou entre os 30 grupos premiados
Inácio Martins – Com o objetivo de destacar a contribuição das mulheres do campo e da floresta para o desenvolvimento sustentável, a Secretaria de Políticas para Mulheres da Presidência da República (SPM-PR), em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), por meio da Diretoria de Políticas para Mulheres Rurais (DPMR), realizou um concurso que premiou dez iniciativas com R$ 20 mil cada e concedeu o troféu “Mulheres Rurais que Produzem o Brasil Sustentável” às 30 finalistas. Entre elas, estava o Grupo de Agricultores Agroecologistas Água Viva (GAEAV), de Inácio Martins.
Entre as 521 iniciativas inscritas no concurso, o GAEAV, que fica na localidade de Góes Artigas, destacou-se entre as 30 que obtiveram maiores pontuações e foram selecionadas, senda a única contemplada do estado do Paraná.
A premiação tinha como finalidade dar visibilidade ao trabalho das mulheres rurais e de suas organizações produtivas no fortalecimento da sustentabilidade econômica, social, ambiental e na geração de segurança e soberania alimentar no país. O prêmio teve foco na produção e disseminação de conteúdos que subsidiem a política nacional para as mulheres com participação e controle social.
O concurso avaliou os seguintes critérios: capacidade de produzir de maneira sustentável; capacidade de gerar renda para as mulheres produtoras; contribuição do grupo à economia local e o grau de articulação com o mercado local; formas de organização interna e participação das mulheres nas decisões; e formas de relacionar o trabalho que gera renda com o trabalho doméstico não remunerado.
Por meio do Instituto Equipe de Educadores Populares (IEEP), que tem como uma de suas atribuições a assessoria para grupos na busca de editais, inscreveu o GAEAV no concurso e contou sua história e trajetória.
Uma das coordenadoras do IEEP, Fernanda Popoaski, afirma que para o Instituto “é uma honra saber que mulheres tão guerreiras e batalhadoras foram para Brasília receber um prêmio e mais que um prêmio o reconhecimento de uma história de superação, de igualdade de gênero”, relata.
Ela também comenta sobre o trabalho realizado pela Associação ASSIS, que é quem coordena as atividades do GAEAV e outros grupos que lidam com o alimento agroecológico. “A luta pelo alimento saudável, agroecológico, as políticas públicas que desenvolvem, só fazem crescer a conquista por um desenvolvimento sustentável e ainda leva o nome da região como destaque pela defesa de uma segurança alimentar e nutricional adequada”, afirma Fernanda.
Premiação
Com muita expectativa, no último dia 13, Maria Rosa Lewitzki e Claudete Dupezaki, agricultoras agroecologistas integrantes do GAEAV foram para Brasília participar da cerimônia de premiação. Conduzida pela ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR), o evento também contou com a participação da presidenta Dilma Rousseff.
Maria Rosa Lewitzki e Claudete Dupezaki foram a Brasília representar o Grupo
Nelson José Macarroni, atual presidente da Associação ASSIS, relata que não esperava que, com tantas iniciativas no Brasil que contam com massiva participação feminina, um grupo da associação fosse ganhar o prêmio. Ele diz ainda que para o GAEAV foi “um sonho que se tornou realidade”, pois com odinheiro do prêmio (R$ 20 mil) vão conseguir uma sede própria para o grupo, tornando-a uma agroindústria no beneficiamento de leite e iogurte agroecológico. “É bom saber que depois de tanto trabalho da Associação e, principalmente dos grupos, estamos sendo reconhecidos nacionalmente e tendo o nosso trabalho e a agroecologia sendo divulgados e ganhando força”, aponta Nelson.
A agricultora premiada Maria Rosa Lwitzki comenta que a emoção foi grande ao receber o troféu das mãos da ministra Eleonora Menicucci. Ela ainda explica que a presidenta Dilma Rousseff falou às mulheres presentes sobre a importância de se fazer parte de grupos que desempenham papeis de liderança e que fazem a diferença no desenvolvimento da comunidade em que vivem.
Maria Rosa conta da importância de ter o seu trabalho valorizado ao ganhar um prêmio como este. “Nós vimos que as mulheres precisam se unir, acreditar e batalhar, pois percebemos que a presidenta está apoiando muito as políticas voltadas às mulheres”, afirma.
Em relação ao dinheiro ganho para o investimento no Grupo, a agricultora afirma que o GAEAV irá construir um espaço para otimizar a produção e, como já foi dito, também será feito um trabalho para desenvolver o beneficiamento de laticínios.
“A agroecologia primeiramente beneficia a nós mesmas, à nossa família, pois estamos produzindo um alimento mais saudável. Para os outros, passamos a importância em se consumir alimentos livres de agrotóxicos”, comenta Maria Rosa.
Texto: Guilherme Capello, da Redação
Fotos: IEEP
Publicado na edição 663, de 20 de março de 2012

segunda-feira, 18 de março de 2013

Mulheres da Comunidade de Góes Artigas receberam troféu e prêmio da Ministra Eleonora Menicucci (SPM-PR) em Brasília



O Grupo de Agricultores Agroecológistas Água Viva de Góes Artigas (GAEAV) conquistou o Prêmio “Mulheres Rurais que Produzem o Brasil Sustentável” promovido pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR). Entre as 521 iniciativas inscritas no concurso, o GAEAV destacou-se entre as 30 iniciativas que obtiveram maiores pontuações e foram selecionadas para receberem troféu e prêmio em dinheiro no valor de R$ 20 mil, sendo o único contemplado do Estado do Paraná.


Maria Rosa Lewitzki e Claudete Dupezaki, agricultoras agroecologistas, integrantes do Grupo, participaram no último dia 13, da cerimônia de premiação que aconteceu em Brasília (DF). A premiação conduzida pela ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR),  também contou com a ilustre participação da Presidenta Dilma Rousseff. 


Para Maria Rosa “o prêmio é uma forma de reconhecimento da luta das mulheres pela vida e nos dá força para continuar com nossa organização”, segundo ela, “com o dinheiro do prêmio nos vamos construir uma sede para o Grupo, para reuniões, entregas de alimentos e pra colocar em funcionamento nossa agroindústria de leite e iogurte agroecológicos”.

A iniciativa de premiar experiências por parte da Secretaria de Políticas para Mulheres da Presidência da República (SPM-PR) em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) por meio da Diretoria de Políticas para Mulheres Rurais (DPMR) teve por objetivo contribuir para a produção e disseminação de conteúdos que subsidiem o fortalecimento da Política Nacional para Mulheres. O prêmio proporcionou visibilidade social à contribuição das mulheres do campo e da floresta para o desenvolvimento sustentável, por meio de suas organizações produtivas no fortalecimento da sustentabilidade econômica, social e ambiental, e na geração de renda e soberania alimentar no País.


A conquista do prêmio é uma forma de reconhecimento das boas práticas realizadas pelo Grupo, que formado em 2006 por mulheres agroecológistas da comunidade de Góes Artigas é uma alternativa de geração de renda as mulheres da comunidade. O Grupo produz uma grande diversidade de alimentos agroecológicos livres de venenos e fertilizantes químicos, que tanto são usados para autoconsumo das famílias, como doados as escolas e creches públicas do município de Inácio Martins, inclusive a Escola Rural Municipal Bom Jesus localizada na própria comunidade, por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), política pública de comercialização do governo federal.

O GAEAV mantém sua organização por meio de dinâmicas internas de encontros, participação na Rede Ecovida de Agroecologia, parceria com a Associação dos Grupos de Agroecologia São Francisco de Assis (ASSIS), a qual é membro desde 2009, bem como, na realização de mutirões para coleta de lixo na comunidade, proteção de fontes, recuperação de áreas degradadas, oficinas de práticas agroecológicas e demais atividades que promovem o exercício da cidadania e, viabilizam a melhoria da qualidade de vida das famílias integrantes do Grupo e da comunidade de Góes Artigas, beneficiada diretamente pelas ações do Grupo.

Sobre o GAEAV, consultar:

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Taisa Lewitzki, conquista prêmio do Ministério da Cultura de Agente Jovem de Cultura 2012


Na última quinta-feira, a UNILA (Universidade Federal da Integração Latino Americana) publicou em seu site oficial matéria sobre a conquista da premiação de Agente Jovem de Cultura de Taisa Lewitzki, atualmente aluna da instituição. 

http://www.unila.edu.br/noticias/agente-jovem-cultura


Agente Jovem de Cultura

Aluna recebe premiação pelo trabalho de mapeamento social de benzedeiras no Paraná

Publicado por Sandra Narita
A estudante de Antropologia da UNILA, Taisa Lewitski, recebeu prêmio Agente Jovem da Cultura 2012 pelo trabalho de mapeamento de bezendeiras no ParanáCom trajetória de militância e liderança política junto a comunidades tradicionais do Paraná, a estudante de Antropologia da UNILA, Taisa Lewitzki, obteve recentemente reconhecimento de uma luta coletiva. Recebeu o prêmio Agente Jovem de Cultura 2012: Diálogos e Ações Interculturais, com o trabalho de Mapeamento Social de Benzedeiras no Paraná. Iniciativa esta realizada entre 2008 e 2011 que, este ano, desmembra em projeto de pesquisa na Universidade sobre benzedeiras na região trinacional.
A premiação – do Ministério da Cultura – destaca iniciativas que, dentre outros critérios, valorizem a cidadania e a diversidade cultural brasileira. Nesta perspectiva, o trabalho do qual a estudante participou identificou 297 detentores de ofícios tradicionais de cura - benzedeiras, benzedores, curandeiros (as), costureiros (as) de rendidura, remedieiros, massagistas tradicionais e parteiras - nos municípios de Rebouças e São João do Triunfo, na região centro-sul do Paraná.No projeto Mapeamento Social de Bezendeiras do Paraná, foram identificados 297 detentores de ofícios de cura nos municípios de Rebouças e São João do Triunfo








“Estas práticas estavam em estágio de ameaça de extinção nessas comunidades, com histórico de medo e repressão. O trabalho contribuiu para viabilizar espaços de diálogo entre as benzedeiras, fortalecendo a identidade coletiva do grupo e contribuindo para reconhecimento do serviço gratuito de saúde realizado pelas mesmas”, relata Taisa Lewitzki, militante, mobilizadora, oficineira e pesquisadora deste mapeamento, que está inserido no projeto Nova Cartografia Social dos Povos e Comunidades Tradicionais do Brasil (www.novacartografiasocial.com).
A iniciativa ainda colaborou para lançar luz sobre a invisibilidade social e os direitos dessas pessoas de exercerem com legitimidade seus ofícios. O que resultou, por parte dos municípios mapeados, no reconhecimento do trabalho destes detentores de conhecimentos tradicionais, inclusive do serviço prestado na área de saúde. “Essas pessoas têm uma nova proposta para a sociedade, por meio de relações solidárias, consciência ecológica, preocupação em não deixar morrer as tradições e luta pela missão de cuidar da vida”, pontua a discente.
Taisa Lewitzki, em trabalho de campo para o mapeamento de bezendeiras do Paraná,  que faz parte do projeto Nova Cartografia Social dos Povos e Comunidades Tradicionais do Brasil

Taisa Lewitzki com uma bezendeira, durante pesquisa mapeamento social de bezendeiras no Paraná

 

 

 

 












Militante social

A história da estudante como militante começa no seu olhar sobre as tradições de sua comunidade Goes Artigas (www.goesartigas.blogspot.com), no município Inácio Martins, centro do Paraná. Lá onde nasceu, conviveu com pouco mais de cem famílias de camponeses e começou a valorizar as tradições locais, como a romaria São Gonçalo, da qual participam familiares e vizinhos. “Colaborar com as benzedeiras, por exemplo, é olhar pra mim mesma, contribuir com a minha comunidade e valorizar a cultura na qual estou inserida”, diz a aluna.
Foto tirada do livro Poesia da Imagem Poesia da Palavra, que mostra o trabalho de alfabetização de idosos - do qual a aluna Taisa Lewitzki colaborou -,  com uso da fotografia como instrumento pedagógicoNeste sentido de valorização de sua comunidade e em meio a ideologias e trabalhos coletivos, ela também atuou na alfabetização de idosos – inclusive do pai – com um trabalho de uso da fotografia como instrumento pedagógico. E ainda foi militante em projetos com outras comunidades tradicionais como cipozeiros da Mata Atlântica e pescadores artesanais do litoral paranaense. Iniciativas trabalhadas dentro da Rede Puxirão de Povos e Comunidades Tradicionais do Paraná (www.redepuxirao.blogspot.com), criada há cinco anos para articular estes atores, reivindicar direitos e lutar por visibilidade e reconhecimento das identidades étnicas presentes no estado.

Trajetória na UNILA

Com essa bagagem, Taisa Lewitzki iniciou este ano um mapeamento de benzedeiras em Foz do Iguaçu e região fronteiriça com Paraguai e Argentina. O trabalho faz parte de um projeto de pesquisa, sob orientação da professora de Antropologia Senilde Guanaes, com bolsa pelo Probiec. O trabalho de identificação já começou, com objetivo de mapear a situação do conhecimento tradicional de cura nestas localidades.
“Pretendo analisar como são construídas as dinâmicas dos curandeiros (as) e benzedeiros (as) na fronteira, se há uma troca de conhecimento e um limite por conta da língua, por exemplo”, explica a estudante. Sua trajetória na UNILA passa ainda pela vontade de continuar na militância e contribuir com mais qualidade nos seus trabalhos. “Também é uma oportunidade de fazer links com outros países, conhecer realidades diferentes da América Latina e experiências de outros povos”, afirma.